Viagem Barroca
Estava passando pelo Parque Municipal daqui de Belo Horizonte hoje de manhã, e me veio a lembraça de Diamantina, minha cidade natal.
A última vez que estive lá, foi para a venda da nossa casa que meu pai havia deixado depois de morto!
Pois bem! Chegamos lá (eu, minha mãe, minha prima e seu esposo) por volta das 9 horas, de forma que lá pelas 11:30 hs, todos os trâmites da negociação se haviam se consumado. Combinei com minha mãe que enquanto ela iria visitar seus padrinhos de casamento, eu ficaria no centro da cidade para passear um pouco!
E assim foi! Me lembro de ter passado por uma rua bem estreita com casas coloniais, com janelas abertas, sem passeio muito similar a essa:

Me recordo de um pensamento bucólico que me fazia imaginar como seria a vida no tempo da colonização brasileira!
Fiquei imaginando Sinhás de bruços nas janelas fofocando com suas vizinhas de frente, ou simplismente, exibindo seus austéros tecidos ou impressionantes jóias que seus respectivos maridos haviam "craftado" nas encostas próximas.
Talvez algumas crianças empunhando brinquedos de madeira que ao sabor da tarde, se divertiam com os negrinhos filhos dos escravos que serviam suas casas. Claro que sempre se ouvia algo que hoje em dia seria do tipo "- a bola é minha, eu sempre ganho! senão a brincadeira acaba!" para lembrar o infanto escravo do seu respectivo lugar na hierarquia familiar.
A tá, esqueci de falar que logo de manhanzinha o carroçeiro passou para entregar o leite, carnalmente quente, e, é claro, não deixo de bulinar com Tereza, uma escravinha toda empinadinha que trabalha na casa do Coronel Teodoro.
Lá pelos idos da quaresma a cidade fica cheia de tropeiros que veem para participar das festividades de Páscoa lá no Mercado Central. Até que enfim dá para tomar uma "amarelinha" e comer carne. Todo tropeiro, acima de tudo é um grande religioso e carrega sempre a imagem do Sagrado Coração de Jesus em algum lugar da farda. Não poderia ele, com o Cordeiro de Deus no bolso, comer carna em plena Quaresma. Seria praticamente heresia.
Terça que vem tem novena na casa de Dona Natalina, viúva do Seu Nuno Sapateiro. Pelo o que o pessoal futrica depois da missa de domingo, Seu Nuno, que trabalhava no porto, saiu de Portugal fugido, acusado de ter dado um grande prejuízo aos comerciantes, que assim como ele, negociavam as mercadorias que chegavam no Rio Tejo. Canta o mexerico que Seu Nuno entrou de clandestino numas dessas naus que viam para o Brasil. Aqui chegando, logo chegou sua fama junto. Para não morrer de fome, subiu a Estrada Real e veio parar aqui na Vila do Tijuco. Só lhe restou os calçados, oficio do pai. Conheceu Dona Natalina. Viveu até bem, até sua morte.
Enfim... me vi, me ouvi, me senti em diversas outras cenas cotidianas de uma sociedade que nós nunca saberemos realmente como era.
Mas o que tem isso haver com o Parque Municipal? Fisicamente, não tem nada! Mas por algum motivo, desses motivos que são chamados de "Traído Pela Memória" me lembrei de Diamantina estando em Belo Horizonte!
A última vez que estive lá, foi para a venda da nossa casa que meu pai havia deixado depois de morto!
Pois bem! Chegamos lá (eu, minha mãe, minha prima e seu esposo) por volta das 9 horas, de forma que lá pelas 11:30 hs, todos os trâmites da negociação se haviam se consumado. Combinei com minha mãe que enquanto ela iria visitar seus padrinhos de casamento, eu ficaria no centro da cidade para passear um pouco!
E assim foi! Me lembro de ter passado por uma rua bem estreita com casas coloniais, com janelas abertas, sem passeio muito similar a essa:

Me recordo de um pensamento bucólico que me fazia imaginar como seria a vida no tempo da colonização brasileira!
Fiquei imaginando Sinhás de bruços nas janelas fofocando com suas vizinhas de frente, ou simplismente, exibindo seus austéros tecidos ou impressionantes jóias que seus respectivos maridos haviam "craftado" nas encostas próximas.
Talvez algumas crianças empunhando brinquedos de madeira que ao sabor da tarde, se divertiam com os negrinhos filhos dos escravos que serviam suas casas. Claro que sempre se ouvia algo que hoje em dia seria do tipo "- a bola é minha, eu sempre ganho! senão a brincadeira acaba!" para lembrar o infanto escravo do seu respectivo lugar na hierarquia familiar.
A tá, esqueci de falar que logo de manhanzinha o carroçeiro passou para entregar o leite, carnalmente quente, e, é claro, não deixo de bulinar com Tereza, uma escravinha toda empinadinha que trabalha na casa do Coronel Teodoro.
Lá pelos idos da quaresma a cidade fica cheia de tropeiros que veem para participar das festividades de Páscoa lá no Mercado Central. Até que enfim dá para tomar uma "amarelinha" e comer carne. Todo tropeiro, acima de tudo é um grande religioso e carrega sempre a imagem do Sagrado Coração de Jesus em algum lugar da farda. Não poderia ele, com o Cordeiro de Deus no bolso, comer carna em plena Quaresma. Seria praticamente heresia.
Terça que vem tem novena na casa de Dona Natalina, viúva do Seu Nuno Sapateiro. Pelo o que o pessoal futrica depois da missa de domingo, Seu Nuno, que trabalhava no porto, saiu de Portugal fugido, acusado de ter dado um grande prejuízo aos comerciantes, que assim como ele, negociavam as mercadorias que chegavam no Rio Tejo. Canta o mexerico que Seu Nuno entrou de clandestino numas dessas naus que viam para o Brasil. Aqui chegando, logo chegou sua fama junto. Para não morrer de fome, subiu a Estrada Real e veio parar aqui na Vila do Tijuco. Só lhe restou os calçados, oficio do pai. Conheceu Dona Natalina. Viveu até bem, até sua morte.
Enfim... me vi, me ouvi, me senti em diversas outras cenas cotidianas de uma sociedade que nós nunca saberemos realmente como era.
Mas o que tem isso haver com o Parque Municipal? Fisicamente, não tem nada! Mas por algum motivo, desses motivos que são chamados de "Traído Pela Memória" me lembrei de Diamantina estando em Belo Horizonte!
a fotografia é mt bonita!
ResponderExcluirfaz lembrar a arquitectura lusa.
obrgda pela tua visita.
felicidades